Onde moras?” (Jo 1,8)é a pergunta dos discípulos a Jesus, que querem entrar na Sua morada, para se tornarem todos irmãos, todos de casa.Aquele que Se manifestou no Presépio e no Jordão, como Deus feito Homem, nosso Irmão, é agora indicado por João Batista aos seus discípulos como «o Cordeiro de Deus». Na humildade da Sua entrega, Ele chama-nos a segui-l’O, de corpo e alma. Aquele Jesus, que contemplávamos como o Eleito e o Ungido do Senhor, somos agora chamados a deixá-l’O crescer dentro de nós e a segui-l’O na nossa vida quotidiana e familiar. O Evangelho de hoje introduz-nos assim no Tempo Comum, um tempo que serve para animar e averiguar o nosso caminho de fé, numa dinâmica que se move entre a manifestação e o seguimento, entre a manifestação e a resposta pronta da vocação e da missão.

Irmãos e irmãs: percorremos, desde o 1.º domingo do Advento, um percurso, em dez passos celebrativos, para vivermos, como irmãos, o tempo do Natal, em que se manifestou a graça de Deus e o Seu amor por nós. Este percurso, guiado pela Estrela da Fraternidade, desagua hoje, nas águas do Batismo. A festa do Batismo do Senhor prolonga a Epifania, isto é, a manifestação do Senhor, que o Pai declara ao mundo como Seu Filho muito amado. Sobre Ele desce e resplandece o Espírito Santo, que O manifesta publicamente como o Messias, que nos vem salvar dos nossos pecados.

Celebramos hoje a Solenidade da Epifania do Senhor. Epifania quer dizer «manifestação». Esta Solenidade está ligada à vinda de uns Magos do Oriente a Belém, para prestar homenagem a Jesus, o Rei dos Judeus. Com o seu gesto de adoração, os Magos testemunham que Jesus veio à Terra para salvar não só um povo, mas todas as nações. Por isso, a Epifania evidencia a abertura universal da salvação trazida por Jesus. A Liturgia deste dia aclama: «Adoram-Te, Senhor, todos os povos da Terra», porque Jesus veio para todos nós, para todos os povos! Ele não reserva o seu amor a alguns privilegiados, mas oferece-o a todos, para que no Presépio nos sintamos todos irmãos, todos de casa.

Queremos acolher, como Maria, a Santa Mãe de Deus, a graça desta crise, para estarmos à altura do tempo novo que nos é dado viver, com novos caminhos, novas escolhas, nova vida. Queremos, como Maria, guardar todos os acontecimentos no nosso coração, para deles tirarmos ensinamentos, que nos orientem no caminho da fraternidade e da paz. Para nós, este caminho de fraternidade tem também uma Mãe, chamada Maria. Também Ela quer dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, onde todos cuidam de todos, onde resplandeçam a justiça e a paz (cf. FT 278).

Neste domingo, dentro da Oitava do Natal, celebramos a Festa da Sagrada Família, de Jesus, Maria e José. Jesus nasce numa família modesta e, em toda a sua vida pública, Jesus entra e é de casa, na vida das famílias. Ele estará próximo das famílias em crise, em tribulação ou de luto. A sua família de Nazaré alargar-se-á até formar a grande família de quantos fazem a vontade do Pai: “esses – dirá Jesus– são minha mãe e meus irmãos” (Mt 12,48; Mc 3,34-35). Neste ano pastoral, [na nossa Diocese do Porto,]propomo-nos viver segundo este propósito: Todos família. Todos irmãos. E, no seguimento desse objetivo, vivemos a preparação e a celebração do Natal sob o lema: Todos irmãos. Todos de casa.  A Casa da família, onde todos se sentem de casa, continua a ser, para a sociedade, para a Igreja, para o mundo, a célula primeira e a experiência-modelo de hospitalidade para toda a família humana. Na verdade, “anossa sociedade ganha quando cada pessoa, cada grupo social se sente – como em família –verdadeiramente de casa” (FT 230)!  Por isso, a palavra-chave, para esta Festa e nestes dias, é esta: Hospitalidade.

Mensagem de Natal 2020 | Convite a ver o Presépio
 

Neste dia (Nesta noite) de Natal, colocamos, em letras douradas, na Estrela da Fraternidade, a palavra IDENTIDADE. Num ano em que alguns chegaram a ter a presunção de «salvar o Natal», nós queremos dizer que a música do Natal é outra: é a de um Deus que nos salva a nós, enviando ao mundo o Seu Filho Único, cheio de graça e de verdade. E que nos diz aquele Menino, nascido para nós, da Virgem Maria? Qual é a mensagem universal do Natal? Diz-nos que Deus é um Pai bom e, em Cristo, nós somos todos filhos de Deus, todos irmãos. Deste nascimento do Verbo, que Se fez Carne e veio habitar entre nós, brota a nossa filiação divina, a nossa dignidade de pessoas, a nossa fraternidade humana. Para afirmar e cultivar esta fraternidade, outros beberão de outras fontes. Para nós, este manancial de dignidade e de fraternidade humanas está no Natal de Jesus Cristo. Que esta melodia da Boa Nova do Nascimento do Salvador ressoe por toda a parte e a Estrela nos guie ao seu encontro.

Todos irmãos. Todos de casa! É com os de casa, é como irmãos, e mais do que com os irmãos, que somos desafiados a viver este Natal que se aproxima. Natal em casa, Natal por casa, Natal com os de casa. A nós, que preparámos a nossa casa e construímos o Presépio, para em nossa casa deixar nascer o Menino, Deus faz-nos agora saber, pela boca do profeta, como outrora a David: “O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa” (2 Sm 7,11). Não se trata de uma edificação, de uma moradia. Trata-se de sermos nós próprios a própria casa que Deus constrói como sua morada. Trata-se de sermos, ao jeito de Maria, a casa que O acolhe e recolhe, com amor.

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