Também Jesus, com fome e sede, peregrino, no caminho para Jerusalém, precisa do pão e da água, da sombra e da frescura, da tenda, para restaurar as forças e prosseguir o caminho para Jerusalém. Para isso, Jesus entra em casa de Marta e de Maria, como os três personagens na tenda de Abraão. É Cristo, hóspede e peregrino, que aguarda o nosso convite para entrar e ficar. A nós, como a Abraão e aos discípulos de Emaús, compete-nos estar atentos e dizer: «Não passeis adiante, sem parar... sem ficar connosco»... porque todos precisamos de«pão para restaurar as forças, antes de continuar o caminho».

Com o verão a aquecer e as férias à porta, o Evangelho faz-nos parar na beira da estrada. Não para ficarmos à sombra, mas para nos fazer estender a mão a quem mais precisa. A parábola do bom samaritano exalta a compaixão de um estrangeiro e denuncia a indiferença de dois homens, ligados ao culto do templo de Jerusalém. Na certeza de que o Senhor, o Bom Samaritano, usa de misericórdia para connosco, deixemo-nos misericordiar por Ele, para nos tornarmos misericordiosos como o Pai.

Peregrinos da Cidade Santa, exultamos de alegria ao entrar na Casa do Senhor. Aqui experimentamos a ternura de Deus, no coração da Igreja, nossa mãe. A Igreja, a nova Jerusalém, é verdadeiramente a «mãe» que nos acolhe, gera e dá à luz através do Batismo, que nos perfuma e embeleza com a unção do Espírito e nos alimenta e faz crescer com o Pão da Eucaristia. Esta Igreja é a mãe que nos conforta, consola e acompanha, com paciência e misericórdia, através da Palavra e dos sacramentos. E, como mãe, faz-nos sair de casa, em missão, pelo mundo. Deixemo-nos, pois, alcançar pela misericórdia do Senhor, que é fonte de paz.

Primeiro está o Senhor e por isso deixámos tudo para O seguir e responder ao Seu convite. Primeiro está o Senhor e por isso nada nos demoveu de sair de casa e vir ao Seu encontro. Levantámo-nos dos nossos afazeres e pusemo-nos a Caminho, sem nada opor ou antepor a Cristo. Ao iniciarmos esta celebração, assumimos a nossa condição de caminheiros da fé, de discípulos missionários, que seguem Jesus para onde quer que Ele vá e O anunciam com alegria, em cada dia.

Viemos aqui, atraídos por Jesus, para estar com Ele, para escutar a Sua Palavra, para O servir e seguir, com todo o nosso ser, em todos os dias da nossa vida. É a partir da alegria deste encontro com Ele, na oração, na escuta da Sua Palavra e no Pão da Eucaristia, que cresce a nossa amizade com Cristo, que se alimenta a nossa vida cristã e que se fortalece a nossa missão. Deixemo-nos, desde já, mover e comover por este olhar de Cristo, trespassado na Cruz, para que o Senhor nos lave o pecado e de toda a impureza do nosso coração.

Reunimo-nos nesta quinta-feira da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, que nos reporta à instituição da Eucaristia, na quinta-feira da Ceia do Senhor. Em pleno Ano Missionário, é bom recordar que a Eucaristia é a fonte e ápice da vida e da missão da Igreja. Viemos de lá de fora, do nosso mundo, para este encontro íntimo com o Senhor, a fim de Lhe lançar no coração todas as sementes e os frutos da missão. Aqui dentro, na Eucaristia, façamos a experiência do encontro com Aquele que anunciamos, com o olhar posto fora do templo, para uma missão sem muros nem fronteiras. Aqui dentro recebamos a força e o alimento para a missão no mundo. Daqui havemos de partir, de novo, em missão, na certeza de que a Eucaristia nunca termina, pois há de converter-se em liturgia depois da liturgia. Que a beleza desta celebração seja para todos, e desde já, experiência de atração de Cristo e para Cristo, e por isso mesmo experiência de missão.

Concluído o tempo pascal, retomamos agora o tempo comum, com a celebração da Solenidade da Santíssima Trindade. Em pleno Ano Missionário, proclamar e celebrar este mistério central da nossa fé no amor de Deus é também redescobrir o rosto missionário do nosso Deus, que é um Deus que sai de Si, que Se comunica, para nos alcançar a todos nós. O Pai envia o Filho e é, por isso, a fonte da missão. O Filho envia o Espírito Santo e é o grande missionário do Pai. O Espírito Santo é o protagonista da missão. Ele unge-nos para nos enviar ao mundo como discípulos missionários. Existe a missão, simplesmente porque Deus ama as pessoas e quer fazê-las participar da sua própria vida divina.

Do Domingo de Páscoa ao Domingo de Pentecostes, encontramo-nos, sempre, no mesmo lugar: o da Última Ceia. No primeiro dia, estavam fechadas as portas com medo dos judeus, mas veio Jesus e, com o sopro do Espírito Santo, deu nova vida aos Apóstolos e enviou-os em missão de paz. No último dia, o mais solene da festa, uma rajada de vento encheu toda a casa e lançou a Igreja «em saída», em missão, no anúncio do Evangelho a todos os povos da Terra e em todas as línguas.

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