Uma longa procissão de peregrinos vem de longe, rumo à cidade santa de Jerusalém. E dir-se-á de Sião: “Todos ali nasceram” (cf.Sl 86/87,5). É o que diz o salmista, olhando para a colina de Sião, na cidade santa de Jerusalém. E nós, se descermos ali perto, até essa pequena cidade periférica chamada Belém, encontrar-nos-emos com o Presépio e aí poderemos contemplar o mistério de um Deus feito Homem. E também ali poderemos exclamar, cheios de espanto e gratidão, perante a vastidão do mistério do Natal: “Todos aqui nascemos”. Este movimento dos Magos, em direção ao presépio, recorda-nos a procissão para o batistério, em que os filhos e as filhas são levados nos braços. Ali todos nascemos. Ali todos recebemos a dignidade real de filhos de Deus.
Ano novo, vida nova! Confiamos o 1.º dia do ano civil e o ano novo de 2020 à proteção da Virgem Maria, que aclamamos hoje como Mãe de Deus. Este é também o (quinquagésimo terceiro) Dia Mundial da Paz. Nesta Oitava do Natal, o Evangelho recorda-nos a circuncisão e a imposição do nome: “Deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo antes de ter sido concebido no seio materno” (Lc 2,21). O nome exprime a singularidade de cada um, o caráter original e irrepetível da cada pessoa. Todos somos filhos de Deus. Todos somos fruto do pensamento amoroso de Deus. Deus conhece, ama e chama a todos e a cada um pelo próprio nome. Vamos acender estas velas, recordando que no coração de Deus estão inscritos os nossos nomes.
Neste dia da Festa da Sagrada Família, o apóstolo Paulo recorda-nos a nossa vocação universal à santidade e algumas características da santidade no contexto da vida familiar. Este ano, gostaria de focar especialmente a nossa atenção sobre o matrimónio cristão, como caminho de santidade. E deixo, para os 12 meses do ano, 12 caminhos para a vocação à santidade, específica dos esposos.
“Todos aqui nascemos”. “A festa de hoje renova para nós o sagrado início da vida de Jesus, nascido da Virgem Maria. E, enquanto adoramos o Nascimento do nosso Salvador, celebramos realmente também o nosso nascimento. Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão: o Natal da Cabeça (que é Cristo)é também o Natal do Seu Corpo (que somos nós, a sua Igreja)” (cf. São Leão Magno, Sermão 6 do Natal do Senhor). Podíamos dizê-lo de outro modo: ao plantar-se neste mundo a videira verdadeira, que é Cristo, nascem e renascem com Ele, como os ramos, os filhos e filhas da humanidade inteira.
Mensagem de Natal 2019
Pároco de Nossa Senhora da Hora
O Natal que se aproxima está também ele já marcado com o sinal da cruz, com a dor, o sofrimento, a rejeição. Este sinal marca a vida de Jesus desde o berço à Sua entrega na Cruz. Este é distintivo da nossa vida cristã. Este é o sinal. Diante dos outros batizados, este sinal é o atestado comum da minha inserção no mesmo Corpo, em virtude do Batismo comum.
Depois da figura feminina e acolhedora de Maria, a Imaculada, sinal da preparação radical, o Advento coloca-nos diante da figura masculina e austera de João, o Batista. O sobrenome dado a João tem uma clara razão de ser: foi ele que batizou Jesus, no Jordão. Como mensageiro que vai à frente, hoje pode iluminar o compromisso dos pais e dos padrinhos, como guias, testemunhas e companheiros, no caminho iniciado no Batismo. No dia do Batismo, foi-lhes dito: “A vós pais e padrinhos se confia o encargo de velar por esta luz, para que os vossos pequeninos, iluminados por Cristo, vivam sempre como filhos da luz, perseverem na fé e, quando o Senhor vier, possam ir ao seu encontro com todos os Santos, no reino dos céus” (Ritual do Batismo, n.º 64).
Nesta Solenidade da Imaculada Conceição podemos contemplar como Deus prepara e encontra em Maria uma digna morada para o Seu Filho. Como Maria, somos chamados a abrir a nossa casa, o nosso coração, para que Deus nos venha habitar. Porque somos humanos e nascemos pecadores, no dia do nosso Batismo foi feita uma oração, pedindo ao Senhor que, pela Sua graça, o mal não tivesse em nós a última palavra. Fomos ungidos com o óleo da fortaleza, para sairmos vitoriosos desta nossa luta quotidiana contra o mal. Pelo Batismo tornamo-nos templos do Espírito Santo, somos habitados por Deus.